Tenho andado a refletir na proposta de Revisão Constitucional do PSD e cheguei à conclusão que tal como o talento de Miguel Relvas para a política, a proposta peca por escassa. Radical, dizem os socialistas? Radical é “fazer” uma prostituta sul-africana sem preservativo. Ou entregar os destinos do país ao Santana Lopes. Isso sim, foi base jumping político sem paraquedas.
O projeto do PSD não é radical. É fraquinho e mole como só um Jaime Gama ou a pila de um idoso consegue ser. Encarregar o Paulo Teixeira Pinto de fazer e defender o novo projeto de Constituição não é radical, é parvo. Precisamos de um texto com mais capitalismo selvagem, com a consagração do intermediário e da economia paralela como bastião económico do país. Querem uma boa bitola? Estará no ponto quando provocar um arrepio no escroto vermelho do Bernardino Soares ou fizer publicamente despir em protesto a deputada Rita Rato. Tipo, com cartazes “eles levam-nos tudo e querem entrar-nos por trás”. Hmmm, até me babo.
Anyhoo, deixo já aqui, até porque isto ainda pesa tanto quanto um Pacheco Pereira ou dois, a minha proposta para uma revisão constitucional à séria.
Ponto um. O povo. No artigo 10.º diz que “o povo exerce o poder político ...”. Mas está tudo bêbado ou quê? O povo sabe lá exercer o poder! Quanto muito sabe ser presidente da comissão de festas da Nossa Senhora da Caralheira de Baixo. O povo é incompetente e tem nulo conhecimento em empreendedorismo, hedge funds, ou náutica de recreio. O povo não serve para governar. Serve para trabalhar com salários mínimos e um vínculo precário o suficiente para ser despedido sempre que um empresário quiser aumentar a margem de lucro ou trocar de iate. Rua com o povo, mas antes tirem-lhe os cartazes e os foguetes das mãos.
Ponto dois. O dinheiro. O Estado arrecadará em 2010, 54 mil milhões de euros em impostos aos parvos que os pagam. E eu não vejo qualquer razão atendível para esta enorme quantia não passar primeiro por mãos privadas. A minha proposta é simples. O dinheiro vem todo para nós, capitalistas e intermediários, que compraremos apenas os bens essenciais à nossa sobrevivência: barcos, mansões, ilhas e políticos liberais. Depois, aumentos de capital nas nossas empresas de saúde, educação e seguros. O que sobrasse distribuía-se pelos cinzeiros dos Aston Martin’s e Bentley’s para dar esmola aos que precisam.
O Estado Social passaria a ser Estado do Ohhh. Tipo, “Ohhh, tão querido, aquele senhor parece mesmo estar com carcinoma em estágio quatro. Podemos mandar moedas? Podemos? Ohhh, o semáforo abriu. Fica para amanhã se ele ainda andar por aí”.
É a Economia, povo de Abril.